TRABALHO
DE
ZOOTOXINAS


ALUNO: GERALDO GUTYERRI

Índice
Introdução
Insectos venenosos
Aracnídeos venenosos
Escorpionídeos venenoss
Lepidópteros venenosos
Miriapodes venenosos
Peixes venenosos
Répteis venenosos
Anfíbios venenosos
Mamíferos venenosos
Moluscos e crustáceos venenosos
Pássaros venenosos
Objetivo
Discussão
Conclusão Referência
Autor

ZOOTOXINAS

No Reino animal existem numerosos animais produtores de venenos inclusive na classe das aves. Animais venenosos podem ser encontrados em todos os rios e mares do mundo e em todos os continentes.
O termo animal venenoso é normalmente aplicado aos animais capazes de produzir veneno numa glândula secretória ou num grupo de células e que pode libertar esses venenos no momento da picada ou mordidela.
Há animais que possuem o veneno nos seus tecidos, em parte ou na totalidade do corpo. O envenenamento nestes casos é provocado por ingestão.
Ao longo desta introdução farei alusão a um pouco da história dos venenos e abordarei a importância do seu conhecimento para toda a humanidade.
Há velhíssimas alusões a veneno, em documentos Egípcios,Gregos e Romanos pré-cristãos.
Na Medicina primitiva e mágica o veneno desempenhava especial papel.
Entre os povos selvagens são bem conhecidos muitos venenos, tanto na América como na Ásia ou na África: curare, veratrina, ubaína, etc.,assim como a natureza venenosa de certos animais, como o sapo, tão utilizado na terapêutica mágica.
São conhecidos, entre os arcaicos chineses, algumas observações empíricas sobre venenos. A escola dos médicos empíricos (Alexandrinos), no séc. II a.C., contou argutos toxicólogos,a que se juntaria mais tarde Mitrídates, rei do Ponto, de quem se dizia ter-se imunizado contra os venenos por meio de patos alimentados com substâncias tóxicas. A célebre teriaga de Mitrídates teria sido um poderoso anti-tóxico.
Aos velhos cronistas ultramarinos portugueses devem-se curiosas informações sobre venenos dos animais. A propósito da pedra bezoare ou bazar, considerada contra-veneno, pedra que é um cálculo intestinal de alguns animais (especialmente a cabra selvagem), diz Garcia da Orta: "Usam desta pedra para todas as enfermidades melancólicas e venenosas ".
É curioso que em Lisboa se fazia largo comércio deste antídoto, que os vendedores falsificavam, pelo que se procedia à prova da sua eficácia como conta Ficalho nos comentários a Orta:
"Tomava-se um fio enfiado em uma agulha, e passava-se pela erva balestera, atravessando-se depois a perna de um cão com o fio assim envenenado, e deixando ficar o fio na ferida; quando o cão apresentava todos os sintomas de envenenamento, administrava-se-lhe em água o pó da pedra raspada e julgava-se da legitimidade da pedra pelos seus efeitos".
O veneno é uma substância, que em contato com o organismo, ingerida, inalada ou desenvolvida dentro do corpo causa ou pode causar transtornos ou estragos nos orgãos ou nas suas funções.
Um animal venenoso contém ou produz veneno: "...e também se tem por cousa mui verdadeira naquelas partes que nenhum animal venenoso pode empecer a quem trouxer aquela terra consigo".
Desde os animais de organização rudimentar até aos vertebrados, inúmeras são as espécies que possuem orgãos próprios para secreção de veneno, o qual, em regra, se destina a paralisar ou matar as presas de que se alimentam.
A maior parte dos Celenterados possui células urticantes- nematocistos- que os animais utilizam não só para defesa como para morte das presas.
O veneno dos nematocistos produz nos tecidos dos animais superiores, e particularmente no Homem, uma irritação semelhante à causada pelo contato com as urtigas, e os acidentes de urticária que se seguem podem ser acompanhadas de acidentes gerais, tais como febre, dispnéia, depressão e sensação de fadiga muscular, que chega a durar trinta e seis horas.
O veneno que se obtém dos filamentos dos Celenterados do gênero Physalia, é designado pelo nome de hipnotoxina, e o que se obtém dos tentáculos das atínias denomina-se actinotoxina.
Da ação do veneno dos Equinodermes, apenas há a considerar o que existe nos ovos destes animais, aos quais, por vezes, se tem atribuído alguns sintomas de intoxicação.As picadelas originadas pelos espinhos dos ouriços nos pés e nas mãos de quem caminhe pela orla do mar, que são geralmente muito dolorosas e provocam algumas vezes inflamação local.
Os Equinodermes usados como alimento são, às vezes, causadores de uma intoxicação devido à presença de produtos tóxicos formados nas glândulas genitais, em maior quantidade nos ovários que nos testículos, produtos esses que são venenosos do grupo das toxalbuminas e alcalóides.
Dentre os Artrópodes, os miriápodos, não obstante, na sua maioria, possuírem aparelho venenoso poucas vezes têm oportunidade de atacar o Homem em consequência dos seus hábitos noturnos; outro tanto, porém, já não sucede com os aracnídeos, pois várias são as espécies que vivem em Portugal e cuja ação venenosa é muito notável, espécies que pertencem às ordens dos aracnídeos e dos escorponídeos.
Dos aracnídeos , os que mais podem incomodar o Homem pela inoculação de veneno: Epeira diadermata, Lycosa radiata,Tegenaria parietina e Latrodectus gutatus.
O aparelho venenoso das aranhas encontra-se na boca. Este orgão é formado por várias peças entre as quais dois artículos, um deles basilar, de forma prismática e que se articula com o cefalotórax, e outro digital, em forma de colchete, com um orifício perto da sua ponta aguda, por onde sai o veneno.
O veneno tem aspecto de um líquido espesso, viscoso, hialino por vezes, granuloso, de natureza ainda não bem definida. A ação do veneno das aranhas é muito ativa para os pequenos animais sobretudo para os artrópodes, de que aquelas se alimentam, enquanto que a sua atividade pelo que respeita ao Homem parece ser nula da parte da maioria das espécies, e geralmente fraca por parte de um pequeno número de outras.
Todavia, têm-se registado casos mortais resultantes da picadela de algumas espécies exóticas. As aranhas são animais carnívoros, que utilizam o seu veneno para paralisar os movimentos ou matar a presa, assim como para a defesa. Deve notar-se, porém, que o veneno das aranhas não existe apenas nas quelíceras, pois encontra-se também nos ovos e no corpo.
Este veneno é designado pelo nome de aracnolisina ou araneilosina, e toxina hemofílica.
Dentre os escorpionídeos, apenas uma espécie, o Bufhus europoens existe em Portugal. A picadela é muito dolorosa e pode dar lugar a sintomas alarmantes, como vômitos, caibras musculares, etc.
Os sintomas que resultam da picadela do lacrau são dor local viva, que, por vezes, se estende a todo o membro picado com paralisia parcial desse membro; fenômenos de excitação nervosa, seguidos de abatimento, calafrios, febre e tremores musculares.
Estes sintomas agravam-se, não raramente, com manifestações de delírio, movimentos convulsivos, vômitos biliosos e síncopes.
A virulência do veneno causa a morte dos pequenos animais em poucos segundos, como nos articulados, de que geralmente se alimenta o lacrau.
Como insetos venenosos apenas devem ser considerados aqueles que possuem aparelho vulnerante para ataque e defesa e não os que se utilizam desse aparelho para sugar o sangue dos animais de quem são parasitas ou em que poisam para esse fim, podendo, acidentalmente, ser os transmissores de doenças.
Alguns insetos perfeitos, nomeadamente certas borboletas, podem dar origem a uma urticária mais ou menos acentuada, apenas quando saída dos ninhos.
Dentre os insetos, os himenópteros são, sem dúvida, os mais interessantes no ponto de vista do seu veneno, e, dentre estes, é no grupo dos aculeados ou porta-aguilhões que se encontram as espécies venenosas como a abelha, a vespa, o besouro, os zangãos, e as formigas, cujas fêmeas possuem, em muitas espécies, um ferrão venenoso cujas picadelas produzem envenenamentos mais ou menos graves, mas às vezes tão violentos que causam a morte até do Homem.

Verificaram-se que entre os Moluscos as mordeduras de algumas espécies de cefalópagos e de gastrópodos produzem intoxicações, mas sem valor nos animais de sangue quente, para as espículos que vivem nos nossos mares, outro tanto se não podendo dizer dos moluscos que vivem nos mares tropicais cuja picadela é de efeitos nocivos para o Homem.
Os moluscos, porém, podem causar intoxicações, quando ingeridos, em virtude do veneno das suas glândulas.
A causa dessas intoxicações parece ser devida a uma toxina existente no fígado, designada pelos nomes de mitilotoxina e mitilocongestina, esta última capaz de produzir os mesmos efeitos que a actinotoxina dos celenterados.
Dentre os Peixes, as mais vulgares espécies que são venenosas possuem o aparelho de veneno nas barbatanas ou nos espinhos dos opérculos e inoculam este ao Homem por picada.Posso citar, como, tipo, o peixe-aranha (Trachinus vipera(Lin.)), muito vulgar na costa de Portugal.
Nos Batráquios, como sucede com muitos outros animais, existem diversos líquidos irritantes ou com cheiros desagradáveis que são segregados por glândulas situadas internamente ou na pele. Essas secreções constituem, em geral, um meio de defesa contra o ataque de outros animais.
As salamandras, projetam, a pequena distância, algumas gotas de um líquido irritante, que não trará consequências de maior se não ficar em contato com alguma escoriação na pele do Homem e for inoculado nos seus tecidos, do que poderão resultar, então, fenômenos mais ou menos graves tais como: paralisia, perturbações respiratórias, circulatórias e digestivas, sintomatologia que é mais ou menos alarmante consoante a dose de veneno absorvida e o estado do indivíduo que o recebeu.
Neste trabalho abordarei também temas relativos a venenos de cobras e serpentes.


INSECTOS VENENOSOS

Neste grupo incluem-se grande número de animais, nomeadamente: abelhas, vespas, mosquitos, melgas.
Há um grande número de insetos que produzem secreções irritantes que lhe servem de meios de defesa, mas podem ser considerados como venenos verdadeiros. Só a classe dos Himenópteros conta com inúmeras espécies realmente providas de glândulas de veneno e de aparelho de inoculação.
Este aparelho venenoso, compreende dois e, às vezes, três tipos de glândulas:
-Glândula ácida
-Glândula alcalina ou Glândula de Dufour
-Glândula venenosa acessória ( não existe nos Himenópteros)
As picadas de Abelhas (Apis mellifera), vespas (Vespas vulgaris), Xilocopes (Xilocopa violacea), Zangões (Bombus lapidarius), são particularmente perigosas.
O veneno das abelhas parece possuir uma neurotoxina muito ativa.
Os fenômenos de intoxicação causados pelo veneno desses insetos são, geralmente, pouco graves; são caracterizados por dor acompanhada duma zona de edemas e de prurido.
Algumas vezes, já que as picadas se localizam nas pálpebras, lábios ou língua, elas ocasionalmente provocam acidentes alarmantes e mesmo mortais.
Num estudo de 1950 a 1950, nos U.S.A., foram contabilizados 460 mortos provocados pelos animais venenosos:
»229 provocados pelos Himenópteros (responsabilidade partilhada entre a abelha e vespa )
»138 provocadas por serpentes
»65 provocadas por aranhas
»28 provocadas por outros animais
Após uma mordida de serpente, a morte chega lentamente, frequentemente em alguns dias. Com os insetos, morrem, em geral, nas primeiras 6 horas (96% dos casos ) e em muitos casos na hora seguinte à picada. Esta rapidez é causada essencialmente pelo mecanismo anafiláctico, na maioria dos casos.
a)Abelhas
O aparelho venenoso

As abelhas domésticas vivem em colônias comportando 3 tipos de indivíduos:
-a rainha, que vive muitos anos e pondo 1500 ovos por dia;
-algumas centenas de machos;
-as obreiras, que vivem apenas algumas semanas, que abastecem a colônia de néctar e de pólen das flores e se defendem com o seu aguilhão venenoso abdominal.
Apenas as fêmeas picam, porque o aparelho venenoso não é mais que a transformação do aparelho genital em orgão de defesa.
Glândulas de veneno das abelhas:
*Glândula de veneno
*Glândula alcalina ou Glândula de Dufour
*Glândulas anexas: Glândula de Koshwnikow e Glândula da baínha do aguilhão
O veneno
O veneno da abelha é um dos mais conhecidos venenos dos Himenópteros. Os procedimentos modernos de bioquímica mostraram que se trata duma substância muito complexa.
No veneno de abelha encontramos:
(as percentagens são dadas em função do peso seco do veneno)
- aminas biogénicas: Histamina (1p.100)
-peptídeos e pequenas proteínas: Apamina (1p.100) , Melitina (60p.100) , Péptidos desgranulantes dos mastócitos( em quantidades mal conhecidas)
-Enzimas: Fosfolipase A (12p.100) e Hialuronidase (3p.100)
Na Vespa também se encontram Serotonina ou Acetilcolina (aminas biogénicas ).
A Apamina é um péptideo básico, rico em enxofre, de cadeia curta (18 a.a. ). Tem baixo peso molecular. A sua ação local é apenas marcada por um ligeiro aumento da permeabilidade capilar. A sua ação principal situa se ao nível do sistema nervoso central.
A Melitina ,possui um número total de a.a. por molécula de 26. O seu peso molecular eleva-se a 2840.A Melitina encontra-se em elevada concentração no veneno. Ela determina a dor e o inchaço, após a injeção intra-cutânea e eleva a permeabilidade vascular.
Tem propriedades lisantes gerais, e um libertador direto de Histamina e de Serotonina. In vitro tem poder hemolítico sobre os eritrócitos lavados ( a reação é inibida pelo plasma sanguíneo ).
A Melitina provoca a libertação de substâncias farmacologicamente cativas. A libertação de aminas biogénicas poderá explicar a ação dos venenos de abelhas sobre a musculatura lisa. É pouco provável que o bloqueio neuro-muscular participe na intoxicação geral, porque antes produz-se uma paragem respiratória.
A Hialuronidase é um fator de difusão importante e para além da sua permeabilidade dos tecidos conjuntivos, ela não tem qualquer outra ação farmacológica.
A Fosfolipase A conduz a uma hemólise indireta, tanto "In vitro" como "In vivo" A lecitina do plasma é atacada pela fosfolipase e transformada em lisolecitina: esta substância ataca, por sua vez, os eritrócitos e a reação acelera-se como uma avalanche.
A Histamina:Localmente tem um papel importante no fenômeno doloroso seguido à picada e no aumento local da permeabilidade. Os seus efeitos farmacológicos gerais são bem conhecidos: constrição dos músculos lisos ( broncospasmos, contrações intestinais ), vasodilatação capilar (hipotensão ) e aumento da permeabilidade local.

Efeitos do veneno total:
Efeitos locais

Na pele dos animais e do Homem, a injeção subcutânea do veneno provoca: dor, calor, tumor, rubor.
Excita as terminações sensitivas, alarga os capilares e aumenta a sua permeabilidade. Podem encontrar-se histologicamente, no Coelho e Homem, necroses circunscritas enquadradas numa região.
Efeitos gerais
Ação sobre as hemáceas; em cães mortos por doses elevadas do veneno verifica-se uma "hemólise parcial do sangue".
Bloqueio da coagulação
Modificação da tensão arterial, variando com os animais e as doses administradas coração contrai-se sob a ação do veneno de abelha. Podem ocorrer arritmias ocasionais por alteração da condução das excitações.
Efeitos sobre o aparelho respiratório: Taquipneia, edema do pulmão (observado em ratinhos ).
Tem ação sobre o sistema nervoso , sobre os músculos lisos.
Envenenamento por picada de abelha, em animais:
O envenenamento dos animais por picada de abelhas não está bem estudado como no caso dos Humanos, nomeadamente no que diz respeito ao papel da hipersensibilidade na patogenia das formas graves.
As picadas foram observadas em numerosas espécies:

-Em outros insetos, o veneno tem um efeito paralizante. A abelha utiliza, sobretudo, contra os machos no fim de Verão e contra as Vespas "pilhadoras".
Na mosca azul o vôo torna-se rapidamente impossível, depois a marcha e a faculdade de movimentos desaparece e a morte ocorre em 8 minutos.
Os répteis e os batráquios são pouco sensíveis. No entanto, na rã, nota-se dor viva, seguida dum enfraquecimento muscular crescente conduzindo à paralisia. Esta inicia-se pelos membros posteriores, depois progride cranealmente: os movimentos respiratórios tornam-se intermitentes, o coração continua a bater em determinados momentos.
Existem certos animais com uma imunidade natural.
Os pássaros são muito sensíveis. Surge uma dor local viva e instala-se uma paralisia. A morte surge em 5 a 7 horas após a dose ser inoculada. A morte pode ocorrer por asfixia; o sangue apresenta-se mais escuro, mas não apresenta anomalias de coagulação.
Nos mamíferos, um pequeno número de picadas provoca lesões locais idênticas às que ocorrem no Homem, "mascaradas" pela pelugem. Mas, picadas numerosas acompanham-se, por vezes, de problemas gerais graves.
Estas picadas foram observadas no Cão , na Vaca ,e no Cavalo. É nesta última espécie que se conhecem os casos mais graves. O Cavalo , pode ser picado por vários milhares de abelhas. A dor é intensa e o animal enfraquece.
O edema subcutâneo é importante e os sintomas gerais são variados: excitação, prostração, dificuldade respiratória com "pulmoeira, cólicas, diarréia hemoglobinúria, as mucosas estão congestionadas no início, depois pálidas, anêmicas ou um pouco ictéricas. A morte é frequente.
O tratamento
O primeiro gesto a fazer perante uma picada de abelha consiste em retirar o aguilhão, porque a glândula do veneno permanece no aguilhão que está na pele. A musculatura em atividade constante injeta o que resta do veneno no organismo picado.
O aguilhão deve ser retirado com uma faca, um objeto pontiagudo ou, até, com uma unha, mas, nunca com os dedos ou pinças, porque comprimindo, vamos provocar a saída do restante veneno.
Temos que pensar no:
a) Tratamento local = Podemos usar tampões como a lixívia, o álcool iodado, mentolado ou salicilado, arnica ou amoníaco e, sobretudo, tintura de Callendula officinallis. Os mais ativos são as pomadas contendo anti-histamínicos ou corticóides.
b) Terapia de urgência em caso de reação alérgica
1- Reação alérgica de primeiro grau: após ex. tração do aguilhão, colocamos um garrote junto ao local da picada. Sobre o local da picada podemos colocar uma solução de adrenalina a 1p.1000 ou compressas frias. Administramos por via subcutânea, ou per os, uma preparação anti-histamínica.
2- Reação alérgica do segundo e do terceiro grau: A assistência médica, neste caso, deve ser imediata.
Apiterapia
As abelhas proporcionam ao Homem uma grande quantidade de produtos maravilhosos, alguns deles produtos naturais ricos em princípios biológicos essenciais. Posso citar alguns exemplos: O Mel , a geleia real, o pólen, o propólis, a Cera , o Veneno de abelha .
A Apiterapia emprega substâncias naturais, produzidas pelas abelhas para o tratamento de certas doenças. Os venenos se produzem, por vezes, reações desagradáveis, apresentam também numerosos benefícios.
A utilização d
O veneno remonta aos tempos mais antigos (tal como eu já havia referido na minha introdução ). O veneno de abelha tem sido objeto de um grande número de investigadores de caracter medicinal.
Existem já estudos de parte da composição química e sua atividade fisiológica no Homem e nos Animais. Em vários países utilizam-se, já , medicamentos preparados com princípios cativos do veneno de abelha (Alemanha, Espanha, Portugal (?) ).
Estes medicamentos são comercializados sob diferentes formas farmacêuticas ( unguentos, solutos). São utilizados em inúmeras situações, como: Reumatismo agudo e crônico, atrozes, periartrites escápulo-umerais. Atuam sobre o sistema nervoso periférico: Nevrite do nervo auditivo.
As picadas de abelhas são muito frequentes, a sua benignidade é regra e a gravidade é a excepção, no entanto, não podemos ignorar a possibilidade de morte após uma picada. Mas, nem todos os efeitos do veneno de abelha são negativos. As picadas não são apenas malignas: a Apiterapia prova-o.
b)Formigas
Em termos de biomassa, as formigas são provavelmente, os maiores predadores que existem na terra.
Estes artrópodes, membros da família Formicidae vivem todos em colônias onde existem:
larvas
obreiras adultas
rainha
fêmeas virgens
machos
A maior parte das formigas são carnívoras, e para obterem alimento elas têm que "apanhar" as suas presas injectando-lhes produtos das suas glândulas venenosas, por picada.
Muitas formigas são capazes de picar e inocular o seu veneno, no entanto há sub-famílias como a Formicinae, que possuem um aparelho inoculador atrofiado, e por meio de "spray" libertam os produtos das suas glândulas venenosas nas feridas feitas por abrasão com as mandíbulas.
É muito evidente que o sucesso das formigas está correlacionado diretamente com a evolução do seu veneno que pode ser usado com 2 objetivos:
- ofensivo
-defensivo

A formiga possui substâncias protéicas venenosas com ação irritante, como é o caso do ácido fórmico. Em alguns países existem formigas com substâncias venenosas, geralmente ricas em histamina e enzimas como a hialuronidase, fosfolipase e inibidores da ATPase.
O veneno é obtido após dissecção da glândula de veneno, que possui apenas alguns nanogramas de veneno.
Os produtos da glândula de Dufour consistem em hidrocarbonetos e compostos oxigenados de cadeia curta e, tem-se observado que estes compostos têm um papel fenomenal, não há evidências que sugiram que possuam propriedades venenosas.
A sua inoculação origina eritema, seguido de edema , dor, a qual persiste vários dias e pústulas brancas.
Os maiores problemas que os humanos têm com as formigas são:
destruição das colheitas agrícolas
dor à picada (geralmente em zonas mais sensíveis)
As formigas vermelhas:
atacam colheitas agrícolas
atacam jovens animais de quinta, como vitelos e leitões
atacam humanos
Nas últimas duas décadas provou-se que as picadas de formigas podem causar reações alérgicas sérias em indivíduos sensíveis, resultando freqüentemente em anafilaxias severas.
c) Vespas
Embora algumas das picadas sejam da responsabilidade de vespas solitárias, os mais sérios problemas são infligidos por vespas sociais.
Os membros das Vespinae destroiem plantações e têm como presa a abelha melífera e provocam grandes prejuízos.
O veneno de vespa contém histamina, serotonina e o péptido"quinina de vespa".
Os casos graves ou letais são devidos sempre a respostas alérgicas.
A morte de cães por picada de abelha Foi registada por alguns autores.

Em Queensland, onde existem bosques de eucaliptos houveram perdas graves em explorações de ovinos e bovinos por ingestão desta mosca.


ARACNÍDEOS VENENOSOS


Em Portugal as aranhas com importância médica são a viúva negra européia e a tarântulas
Os aracnídeo possuem quase todas as glândulas de veneno, uns possuem um aparelho venenoso bucal, outros com um orgão especial de inoculação situado na extremidade posterior do corpo. As aranhas e os escorpiões pertencem a este grupo e têm um veneno particularmente ativa.
De cada lado da boca das aranhas encontram-se dois apêndices terminados por dois ganchos (quelíceras) no ápice dos quais sai um canal excretor duma glândula venenosa mais ou menos desenvolvida.
O veneno que elas produzem mata instantaneamente todos os pequenos animais dos quais elas se alimentam. No Homem e nos grandes mamíferos a mordedura produz fenômenos dolorosos, acompanhados de inchaços e contrações musculares dolorosas, como se tratasse de tétano localizado.
Existem certas espécies de aranhas cujo veneno provoca, por vezes, acidentes muito graves e mesmo mortais.
O Latrodectus malmignatus ( aranha existente em França e em Itália ) e, sobretudo a Latrodectus mactans (do Chile), são muito temidas.
A área geográfica onde se encontra a Lactrodectus mactans estende-se a toda a América tropical e subtropical.
Sabe-se que provocam, freqüentemente a morte em Vacas leiteiras e no Homem provocam acidentes tetânicos que podem durar vários dias.


A viúva negra européia (Lathrodectus tredecimguttatus) é uma aranha escura, com o corpo medindo cerca de 1 cm, possui algumas linhas brancas e 13 manchas vermelhas vivas no abdômen. Só a fêmea é descrita com sendo perigosa. A virulência da picada de pende não só da estação do ano, como da sensibilidade da vítima.
O veneno desta aranha é muito tóxico, no entanto, produz uma pequena quantidade, pelo que só há perigo para crianças pesando menos de 15 Kg.
A tarântula que se encontra, por vezes em Portugal é a Lycosa radiata. É uma tarântula que não produz teia, possui aspecto feroz e esconde-se em cavidades naturais de terrenos. Possui patas robustas e peludas, assim como o cefalotórax vermelho-escuro, com bandas acastanhadas. Só pica quando é atacada, e o seu veneno não é dos mais perigosos.
Na Nova Zelândia, o "Katipo" (Latrodectus scelio) é igualmente perigoso. Esta aranha vive, exclusivamente à beira-mar e os indígenas que aí habitam são freqüentemente picados ao apanhar conchas e ervas marinhas.
Os Maoris têm tal medo da mordedura do "Katipo" que, que logo que um deles é mordido na sua casa e que o animal não é encontrado, eles não exitam em queimar as suas próprias casas.
Se se preparar um extrato seco destas aranhas e se o injetarmos nas veias de cães ou gatos, observaremos,que algumas miligramas por quilo podem dar origem à morte, com fenômenos de dispnéia, convulsões e uma paralisia progressiva do coração.
A maior parte das aranhas alimentam-se de insetos. As Tarântulas também, mas são necessárias grandes quantidades de insetos para satisfazer uma grande Tarântula.
Existe uma Tarântula na América do Sul que possui umas patas com cerca de vinte e cinco centímetros de comprimento. Aranhas de tais dimensões têm como presas animais tão grandes como pequenos pássaros, ratos lagartos e centopéias gigantes.
Quando uma tarântula pica, afunda as suas quelíceras na presa e depois bombeia o seu veneno das glândulas do veneno.
As aranhas não podem mastigar. Assim, elas usam as suas quelíceras para injetar as suas presas com o veneno paralisaste, depois injetam o animal com líquidos solventes para dissolver as porções internas das presas. Por fim, sugam todo o líquido do interior da presa e abandonam a sua carcaça seca. Todas as aranhas são venenosas.
O seu veneno é paralisante para os animais que dos quais elas se alimentam (geralmente insetos ). Mas, apenas algumas são perigosas para os humanos, as outras são inofensivas.
As Tarântulas não são perigosas para os Humanos. Elas raramente mordem pessoas, e o veneno que produzem, geralmente causa menos problemas que o veneno de uma abelha.

ESCORPIONÍDEOS VENENOSOS

As mordidas de escorpiões são deveras dolorosas, quando uma pessoa se passeia num local quente, seco, deve ter muito cuidado ao calçar os seus sapatos, pois pode estar escondido dentro deles um escorpião!
Geralmente, a picada de um escorpião não é mais forte que a duma abelha ou vespa, mas alguns produzem um veneno suficientemente perigoso para matar uma criança pequena ou pequenos animais. A espécie mais venenosa habita no México e no Norte de África.
O aparelho venenoso do escorpião é constituído pelo último segmento abdominal que, grosso e globoso, se termina por um aguilhão duro, curvo, de extremidade bem aguda, perto da qual distinguimos à lupa dois pequenos orifícios ovais destinados à saída do veneno.
As glândulas do veneno são duas, simetricamente colocadas numa cavidade que cada uma delas preenche completamente. Elas estão separadas uma da outra por um tabique muscular formado por fibras estriadas que se inserem sobre o esqueleto e que, pelas suas contrações, permite ao animal expulsar o veneno para o exterior. O escorpião não pica para trás, mas sempre para diante.
As glândulas de veneno do Scorpio occitanus, de França, armazenam 1 a 10 cg de um líquido tóxico podendo fornecer 10 a 15p. 100 de extrato seco. Este líquido é francamente ácido. Os batráquios, os peixes, os pássaros e os mamíferos apresentam grande sensibilidade a este veneno.
Nos animais envenenados, observamos, em primeiro lugar um período violento de excitação acompanhado de dores muito fortes; depois sobrevêm contraturas, e, por fim, a paralisia dos músculos respiratórios, como nas intoxicações pelo veneno de cobra.
O veneno de escorpião é muito irritante para as mucosas e funciona como uma neurotoxina que ataca o sistema nervoso da vítima.
O escorpião usa o veneno para autodefesa, mas também para paralisar os insetos e aranhas de que se alimenta. Podemos classificar os escorpiões como sendo autênticas máquinas mortíferas, muito bem equipadas.

Utilizam os seus pedipalpos, para encontrar alimento.
Frequentemente, ouvimos dizer que os escorpiões se suicidam com o seu próprio veneno quando os rodeamos com um circulo de fogo. É uma pura lenda, já que é fácil verificar experimentalmente, que estes animais não podem ser intoxicados pelas suas secreções venenosas nem pelas dos animais da sua espécie. O sangue do escorpião é anti-tóxico.
O corpo do escorpião é nitidamente dividido em 3 partes:
O cefalotórax ou prossoma, é uma peça única e na extremidade anterior estão as quelíceras, um par de patas dotadas de grandes pinças e 4 pares de patas ambulatórias.
O abdômen ou mesossoma formado por 7 anéis, o primeiro possui na sua face ventral 2 placas simétricas: os opérculos genitais, a 3º, 4º,5º, 6º, 7º possuem estigmas pulmonares.
A cauda ou metastoma, mais delgada que o abdômen, desprovido de apêndices e subdividido em 5 segmentos, o último possui a vesícula de veneno terminada por um aguilhão.
Aparelho venenoso e veneno do escorpião:
1- Aparelho venenoso:
É constituído pelo último segmento da cauda que possui a vesícula do veneno, comportando uma parte glandular e uma parte inoculadora.
a) Porção glandular
A abertura da vesícula do veneno é formada por duas cavidades separadas por uma membrana muscular. Dentro de cada cavidade aloja-se uma glândula de veneno. Cada glândula possui um canal evacuado perto da extremidade do aguilhão por um orifício ovular.
b) Porção inoculadora
É composta pelo aguilhão
2- O veneno:
a) Propriedades físicas:
Para estudar um veneno é necessário recolhê-lo. O vene no do escorpião pode ser recolhido estimulando o animal com um choque elétrico de baixa intensidade. A centrifugação do produto obtido deposita-se sobretudo no fundo do tubo. O líquido sobrenadante é límpido e a sua manipulação provoca freqüentemente uma congestão das mucosa oculas e nasal com crises de lacrimejamento e rinorréia que podem durar cerca de 48 horas.
b) Propriedades químicas:
A análise química deste veneno demonstra a presença de neurotoxinas e de diastases. Possui neurotoxinas como as escorpaminas A e B ou Toxinas 1 e 11 isoladas por cromatografia a partir do veneno de Androctonus australis.
As enzimas encontradas foram as lecitinases ou hemolisinas , também se encontraram coagulasses. Em algumas espécies de escorpião o veneno possui anti-coagulases.
c) Propriedades fisiopatológicas:
Os efeitos fisiopatológicos dos venenos de escorpião são intensos sobretudo nos vertebrados. Os mamíferos, os pássaros, os batráquios e os peixes são muito sensíveis. Atuam a nível das fibras musculares estriadas e lisas, sobre o sistema nervoso central e simpático. A serotonina tem importante papel na sensação de dor no ponto da inoculação.
Algumas espécies de escorpiões venenosos:
Androctonus australis
Buthus occitanus
Androctanus aeneas
Scorpio maurus
O escorpionismo: circunstâncias e gravidade das picadas

Os escorpiões são muito ativos principalmente durante a estação quente, correspondente a um período de grande atividade dos humanos. Esta é uma altura em que os agricultores andam mais no campo, é também nesta altura que as crianças camponesas acompanham mais os seus pais no campo.
Para além disso é uma estação do ano em que as pessoas andam com menor quantidade de roupa e com sandálias o que predispõe a uma maior probabilidade de serem picados.
A gravidade das picadas depende de vários fatores nomeadamente da espécie em causa, da quantidade de veneno inoculado, da idade da vítima, do estado geral da vítima bem como do local da mordedura.
Quadro clínico nos Humanos:
Existem 3 graus de gravidade das picadas
Picadas muito graves Alteração da respiração( cada vez mais rápida e superficial) a preceder a paragem respiratória por paralisia dos músculos respiratórios. O paciente parece ansioso, agitado, mas não perde a consciência. Alterações do ritmo cardíaco. O mecanismo de termo-regulação é perturbado. Por vezes existência de vômitos e sudação exagerada. Desidratação intensa. Sem tratamento, os distúrbios agravam-se e terminam em morte.
Picadas graves Os sinais locais dominam o quadro clínico. Existe dor violenta no local da picada ( edema e rubor). Estes sintomas duram por algumas horas ou até mesmo alguns dias e desaparecem progressivamente. Pode ocorrer morte sobretudo se a vítima é hipersensível.
Picadas benignas Tanto no Homem como nos outros mamíferos produz apenas edema passageiro no local da inoculação.
Como tratamento pode administrar-se soro.

LEPIDÓPTEROS VENENOSOS

A ordem Lepidoptera inclui mariposas e borboletas e é uma das maiores ordens da classe inserta. Existem cerca de 165000 espécies mas ainda há muitas por descobrir e classificar.
O termo " Lepidoptera" quer dizer "com asas escamosas", (do Grego, lepis = escamas, pteron = asa). As suas larvas são denominadas lagartas. Apenas alguns lepidopteros têm importância médica. Podem transmitir alguns parasitas e podem causar problemas alérgicos em animais e humanos.
Os maiores problemas causados são reações respiratórias alérgicas às escamas ou pêlos das lagartas, e dermatites causadas pelo contato com diversas lagartas. Geralmente os sintomas são pouco severos exceto em determinadas espécies das Américas. No entanto, o número de dermatites por contato podem aumentar quando há surtos de infestação esporadicamente.
As doenças provocadas por lepidópteros têm a designação de lepidópterismo. O lepidópterismo refere-se, em sentido lato, a síndromes provocadas por borboletas e mariposas adultas. O erocismo, refere-se a intoxicações resultantes do contato com larvas ou pupas de Lepidópteros.
O ciclo biológico dos Lepidóptera consiste numa completa metamorfose, constituída por quatro estádios: ovo, larva, pupa e adulto.
Os pêlos das lagartas e a sua classificação
Os pêlos das lagartas são formados na sua maior parte feitas de tricogénio, diferenciadas das células epidermais. São estes pêlos que possuem as substâncias que provocam as reações alérgicas.
Os pêlos das lagartas estão divididas em dois tipos:
1- Os mecano-receptores
2- Os mecano e quimio-receptores
Estudos realizados, determinaram a estrutura básica de vários pêlos venenosos, e propuseram a associação de células venenosas.
Os pêlos das lagartas podem também ser classificados como facilmente destacáveis do corpo do inseto ou como estando firmemente ligados, só se libertando do corpo do inseto após se quebrar.
Há ainda um outro sistema de classificação de pêlos irritadiços de Lepidópteros que os divide em:
a - Tipo espícula
b -Tipo espinha
Os pêlos tipo espícula são facilmente destacados das lagartas e causam dermatites por si próprias, no entanto, os tipo espinha afetam a pele humana apenas por contato direto com as lagartas.
a- Neste tipo de pêlo podem incluir-se 7 qualidades:
(1) Euproctis
(2) Thaumetapoea
(3) Dendrolimus
(4) Latoia(espícula tipo)
(5) Pêlo tipo estrela
(6) Pêlo enrolado
(7) Espículas de mariposas
De todas estas qualidades de pêlos com capacidade de provocar alergias e dermatites, apenas focarei os que nos interessam a nós, habitantes na Europa, para que o estudo não se torne demasiado descritivo e menos prático, tendo sido este o meu objetivo ao abordar o tema dos Lepidópteros.
Na Europa e nomeadamente em Portugal o tipo mais importante é a do gênero Thaumetapoea. Os pêlos deste tipo de lagarta são muito curtos, com cerca de 50-200 m de comprimento e até 5 m de diâmetro. As suas extremidades são pontiagudas e penetram a pele após a especula se destacar da lagarta.
As espículos de Thaumetapoea aparecem no terceiro estádio larvar e nas larvas mais velhas. Cada célula está colocada num encaixe formado por uma célula epidermal. Numa T.processionea estima-se que hajam cerca de 630000 espículas.


O pêlo é como que um bulbo, porque não tem orifício na sua superfície, sabe-se que este bulbo tem que ser quebrado para que se liberte o veneno nele contido.
Os nossos animais, principalmente o Cão, quando se passeiam pelos pinhais estão em perigo permanente devido à sua enorme curiosidade e vontade de brincar. Os cães ao deparar com uma carreira de lagartas do pinheiro( também denominadas processionárias),cujo nome científico é Thaumetopea pityocampa , têm tendência a cheirar e lamber. Aí, entram em contato com os pêlos das lagartas e desenvolvem uma estomatite ulcerosa por contato.
Quando, acidentalmente com elas contatam, os animais desenvolvem, em muito pouco tempo, reações exuberantes de tipo anafilático, com ou sem repercussões gerais, que se caracterizam por edema acentuado da língua, a qual, se o animal não é tratado muito rapidamente, acaba por necrosar, tomando uma cor negra, e finalmente acabando por cair.
b- As armas venenosas das lagartas são conhecidas como sendo as espinhas desde os anos 20. Estas, têm geralmente origem multicelular e estão providas de picos pontiagudos; uma vez introduzidos na pele, quebram-se, causando irritação.
Não alongarei mais este assunto por não ter tanta relevância epidemiológica na Europa.
Sintomatologia e tratamento
Sintomas:
1-Dermatites
2-Problemas oftalmológicos
3-Problemas respiratórios e intestinais
As lesões provocadas por lagartas são agudas e ocorrem em áreas do corpo menos protegidas como por exemplo o focinho e a língua. A extensão das lesões varia de acordo com as espécies responsáveis pela alergia, com o tipo de pêlos, e com a área e extensão de pele exposta bem como da sensibilidade das vítimas.

Um grupo de sintomas causado por lagartas inclui irritação e sensação de prurido causada pela ação mecânica e reação a corpos estranhos. Aquando da penetração das espículas na pele há libertação de substâncias histaminóides por agressão à pele.
Os pêlos venenosos podem ser quebrados, libertando veneno, quando o animal se coça, e causa também eritema e edema.
Outro grupo de sintomas inclui a sensação de ardor, com dor severa aquando da entrada em contato com as lagartas. Os efeitos tóxicos são a principal causa de dor. Passados alguns minutos no local do eritema, formam-se várias pápulas.

MIRIAPODES VENENOSOS

Existem certas espécies de miriapodes, os Chilognatas: Julius terrestris, que secretam por toda a superfície do seu corpo um veneno volátil que se assemelha à quinona.
Os Escolopendres:
Scolopendra cingulata que vive em França, Espanha, Itália, Portugal (?) ;Scolopendra gigantea e Scolopendra morsitans comuns na África, Índia e na Indo-China, bem como, na América Equatorial, munidas de dois palpos labiais inferiores transformados em ganchos venenosos terríveis, com os quais fazem mordeduras muito dolorosas.
As espécies tropicais podem ter 10 a 15 cm de comprimento. O seu corpo é composto por 21 segmentos munidos cada um deles, de um par de patas ambulatórias.
Vivem em locais com sombra, nos bosques, escondidos sob pedras, sob folhas mortas ou sob a casca de árvores velhas. Alimentam-se de pequenos insetos, de aranhas e larvas que matam com o seu veneno.
Esse veneno provém duma glândula em cacho situada na base dos ganchos: sai por um canal que se abre para a extremidade. É um líquido ácido, opalescente, pouco solúvel na água. A picada dos Scolopendres é muito dolorosa para o Homem.
Nos trópicos, ocasionam, frequentemente, acidentes graves, tais como: insônia, aumento da pulsação, intermitências cardíacas, edema local que desaparece após 24 horas.

PEIXES VENENOSOS

Os meios de defesa, nos peixes, são extremamente variados.
Podem afrontar os seus inimigos por descargas elécticas; alguns estão providos de verdadeiras glândulas venenosas e orgãos de inoculação por movimentos repentinos das barbatanas.
As moreias, no entanto, possuem um aparelho venenoso com dentes bucais, como nos ofídeos.
Há três tipos de peixes venenosos, de acordo com o aparelho venenoso:
Os peixes venenosos pertencem quase todos a espécies sedentárias:
1»»Acantopteros
Triglidae
Trachinidae (Portugal )
Goobidae
Tenthididae
Batrachidae
Pediculati
2»»Plectognata
3»»Physostomes:
Siluridae
Muraenidae
Família: Triglidae
Os peixes desta família são bastante repugnantes. Têm o corpo longo, coberto de escamas , com uma grande cabeça sobre a qual sobressaem os ossos supra-orbitários, largos. As barbatanas peitorais são grandes, munidas de alguns raios destacados; as barbatanas ventrais estão situados sobre o peito.


Encontra-se na maior parte das regiões quentes do mar das Índias e do Pacífico. Encontra-se nos recifes costeiros ou vivendo escondido no fundo do mar dentro de buracos tapados com areia.
Quando nos aproximamos deste peixe ele não liberta veneno, isso só acontece quando tocamos as membranas que recobrem as barbatanas dorsais e as premimos com força, ou quando um pescador pisa este peixe aquando da faina. A sua picada é muito dolorosa e acompanha-se de um cortejo de sintomas perigoso, por vezes mortais. Segundo as regiões, encontram-se variedades especiais deste peixe. A expulsão do veneno não é voluntária: para que se efetue, é necessário que as bolsas do veneno sejam comprimidas.
O veneno extraído das glândulas do veneno, é límpido, azulado e ligeiramente ácido. Introduzido nos tecidos, produz dor local muito viva que atinge depois todo o membro. O gênero Cottus, também da família Triglidae, conta com mais de quarenta espécies venenosas vivendo nos mares da Ásia, América e Europa. Esres peixes escondem-se nas rochas, à beira-mar. O seu aparelho venenoso é semelhante ao dos Vives mas menos desenvolvido.
Os peixes Escorpionídeos fazem ainda parte dos peixes referidos acima. Têm uma grande cabeça, ligeiramente comprimida, com espinhos; com uma só barbatana dorsal munida com 11 espinhos. Existem muitas espécies que não referirei para que este trabalho não se torne demasiado exaustivo.
Família:Trachinidae
Esta é uma família com especial interesse porque aqui pertence um peixe bastante conhecido em Portugal, principalmente nas praias do Algarve, o Trachinus vipera (vive), vulgarmente conhecido como peixe- aranha. Os peixes da família Trachinidae vivem na Europa e 4 são importantes: Trachinus draco , Trachinus vipera, Trachinus radiatus e Trachinus araneous (Peixe-aranha Mediterrânico ).O peixe-aranha possui 2 aparelhos de veneno, um situado sobre o opérculo, o outro na base das espinhas da barbatana dorsal.
O aparelho venenoso dorsal é composto de 7 espinhas, cada uma delas com uma estria profunda e dupla. Estes peixes têm dimensões da ordem dos 12-30 cm.Têm uma cor acinzentada ou amarelada. Eles encontram-se comummente tapados por areia, nas praias.

Família: Gobiidae
Os peixes desta família têm o corpo alongado, achatado com espinhos, flexíveis na barbatana dorsal anterior e nas barbatanas ventrais.
Família:Teuthididae
Esta família de Acantópteros compreende muitas espécies de peixes de cores vivas, com o corpo alongado, achatado lateralmente, munido de uma longa barbatana dorsal.
Alimentam-se de plantas e vivem exclusivamente em países tropicais. Existem muitos gêneros pertencentes a esta espécie. Muitos pescadores são mordidos, a dor provocada pela picada é muito forte, viva, aguda e pode durar várias horas, mas não são muito graves. Os aparelhos venenosos destes peixes estão implantados nas barbatanas dorsais e anais, como nos escorpionídeos.
Família:Batrachiidae
As espécies venenosas desta família são pouco numerosas. Na Europa não se conhece nenhuma espécie desta família. Habitam quase todas em mares tropicais.
Família:Pediculati
Os peixes desta família são volumosos, têm a porção anterior alargada, com espinhos venenosos.
Família:Siluridae
A maior parte das espécies desta família numerosa, vivem em águas doces. Alguns possuem aparelho venenoso.
O seu aparelho venenoso encontra-se na base das espinhas dorsais e peitorais. Estas espinhas são fortes e ligeiramente encurvadas. Perto da sua extremidade há um pequeno canal que comunica com o fundo-de-saco de secreção venenosa, situado na base das espinhas venenosas.

A contração dos músculos da região comprime os fundos-de-saco e faz com que haja saída de veneno. O aparelho venenoso destes peixes é usado, exclusivamente para fins de defesa. Os pescadores picados têm de imediato uma dor intensa acompanhada de febre e que dura vários dias.
Família:Muraenidae
Dos peixes deste grupo os únicos que nos interessam são as moreias. Possuem corpo alongado, não possuem barbatanas peitorais, têm pele nua, revestida por uma camada de muco viscoso como as enguias. Possuem uma dentição muito forte. O aparelho venenoso da moreia pode conter cerca de 0.5 cm .

RÉPTEIS VENENOSOS

1- Serpentes e cobras venenosas
2- Lagartos venenosos

1- Serpentes e cobras venenosas:

a) Aparelho venenoso
É formado por duas partes, uma parte secretora e uma parte inoculadora. A parte glandular é formada pela glândula parótida e pelas glândulas labiais superiores. Existe tanto em serpentes venenosas como em serpentes não venenosas. Possui uma bolsa e um canal excretor no dente venenoso. nas viperídeas existe uma entumescência que aparece no canal excretor: tem importante papel na excreção da neurotoxina. A quando da mordedura, a glândula vai ser comprimida pelos músculos: masséter, temporais e pterigoideu e o veneno vai sendo projetado no canal excretor.
A parte inoculadora é constituída pelos ganchos e dentes venenosos. É o que torna a serpente perigosa. Com efeito, embora possam existir glândulas de veneno, as serpentes que não possuem ganchos, não representam perigo para o Homem e Animais.
b) O veneno
Natureza física
Os venenos recolhidos são líquidos xaroposos de cor amarelo-citrino ou de cor branca, ligeiramente opalescente.
Natureza química
Possui enzimas e neurotoxinas . Dentre as enzimas podemos citar a clinesteraseque é rara no veneno de víboras. Esta enzima hidrolisa a acetilcolina.
Outras são as lecitinases e as fosfolipases que atacam as lecitinas do plasma para dar origem a um fator hemolítico.
A lecitina se tem função lítica direta sobre as hemáceas e é mesmo considerada como o fator maior de síndromes hemorrágicas observadas aquando dos envenenamentos.
As anidrases e pirofosfatases têm ação notável sobre o ATP e sobre o NAD. É importante evidenciar o papel fundamental do ATP na contração muscular.
Sobre as oxidasses posso referir a hialuronidase que despolimerisa o ácido hialurónico dos espaços intercelulares e interfibrilhares.
A viscosidade do meio conjuntival é muito diminuída e permite uma rápida difusão do veneno. Passo agora a falar das protidases ou proteases , delas posso citar a sua ação fibrinolítica em certos venenos, que tornam o sangue totalmente incoagulável por desfibrinização progressiva. Atua sobre a cascata da coagulação, nomeadamente:

Os fatores V, X/// e /X necessitam de fosfolípidos para serem cativados. As fosfolipases necessitam dos fosfolípidos como substrato. Assim, há perturbação no mecanismo da coagulação.
Os iões Ca++ são indispensáveis à cativação de certos fatores da coagulação ( /X, V///, X ,V ,// ).
As hemolisinas agem de duas formas diferentes:
» modo lítico direto
» modo lítico indireto
A neurotoxina
É rica em enxofre. Alguns autores explicam que a atividade das neurotoxinas se deve à existência de pontes dissulfídricas S-S ou de radicais sulfídricos S-H.
Os venenos neurotóxicos têm uma cação electiva sobre a placa motora neuromuscular.Do ponto de vista fisiológico, o veneno de cobra, rico em neurotoxina, afeta sobretudo certos centros bulbares e particularmente os núcleos de origem pneumogástrica.
Tratamento de mordeduras de serpentes venenosas:
O tratamento é muito simples e, se for bem conduzido há bastantes hipóteses de salvar a vítima. Um tratamento bem conduzido deverá ter 2 objetivos fundamentais:
1- Parar a absorção de veneno inoculado.
2- Neutralizar o veneno já absorvido com um soro antitóxico em quantidade suficiente. É o veneno de cobra que tem o maior poder antitóxico.
Tratamento
a) Homem
b) Animais

a)Homem:
O primeiro cuidado a ter é impedir a absorção com meios mecânicos ou químicos. No que respeita aos meios mecânicos pode utilizar-se um garrote, que se coloca sobre o membro mordido.Então praticar uma incisão de 2 a 3 cm de comprimento e de 1 cm de profundidade, paralelamente ao eixo do membro mordido (no trajeto seguido pela mordedura).
Proceder à:
-compressão dos lábios da incisão praticada
-sucção enérgica
Estas duas manobras têm como objetivo a expulsão do veneno, pois à medida que o tempo passa, mais a ação do veneno se manifesta e provoca danos irreparáveis, por vezes.
Consiste em lavar abundantemente a ferida para retirar tudo o que não Foi possível retirar pelos meios mecânicos. Utilizar para isso: Hipocloritos a 2p100, água tépida KMnO4 (permanganato de potássio) a 1p100. Como terapêutica coadjuvante usam-se os cardiotónicos, os diuréticos, vitamina C, antibióticos, anti-inflamatórios.
É recomendada a ingestão de bebidas quentes em abundância, chá ou café, cobrir a pessoa e deixá-la suar.
b) Nos animais:
o mais frequente é a mordedura no focinho, que provoca um grande edema muito doloroso que é o alerta para o dono do animal. Neste caso, é necessário injetar subcutâneamente no flanco uma ou duas doses de soro anti-veneno de acordo com a gravidade da situação.
2-Lagartos venenosos:
A ordem dos Saurios conta apenas com uma espécie de Lacertidae
venenoso, o Heloderma horridum, um tipo de grande lagarto cuja cabeça e corpo estão cobertos com pequenos tubérculos amarelados sobre um fundo castanho muito escuro. O seu comprimento pode ultrapassar 1 metro e o seu habitat está limitado da Cordilheira dos Andes ao Pacífico.
Este animal tem uma marcha muito lenta. O " monstro Gila" alimenta-se de presas fáceis como ovos e crias de outros animais exatamente devido à sua pouca destreza. O seu corpo exala um odor forte e nauseabundo. Quando este animal está enfurecido secreta um líquido viscoso pelas suas glândulas salivares que são muito desenvolvidas. Alimenta-se de pequenos animais.
A sua mordedura é dolorosa, mas não é muito perigosa. O local à volta do local da mordedura fica com uma cor violeta passado algum tempo.
O Heloderma não injeta o seu veneno, morde a sua presa e segrega a saliva que contém o veneno que penetra no local da lesão feita por ação dos dentes. Gota a gota o veneno vai atuando sobre o sistema nervoso da vítima.
O veneno deste animal quando é injetado subcutaneamente, dá origem a manifestações variadas como: micção, defecação, salivação abundante, a respiração acelera-se e depois surgem vômitos. Os animais bebem muita água. Finalmente sobrevem a morte pela paragem respiratória e cardíaca.
Os cientistas ainda não chegaram a uma conclusão mas, pensam que o veneno do "monstro Gila" tem uma função defensiva, mais do que ofensiva.

ANFÍBIOS VENENOSOS

Muitas espécies de anfíbios possuem secreções glandulares que previnem a perda de umidade, previnem o crescimento de microorganismos na pele e desencorajam os predadores. As secreções possuem efeitos hemolíticos e efeitos citotóxicos.
a) Sapos:
Todos os sapos secretam substâncias nas glândulas da pele que repulsam outros animais.
Os cães, especialmente os cachorros, estão particularmente sujeitos a contatar com esta substância, devido à sua grande curiosidade.
Exceto no caso das crianças, que acidentalmente brincam com sapos e que levam as mãos à boca, os humanos não são particularmente susceptíveis ao veneno de sapo.
Existem no mundo uma série de sapos bastante venenosos, como é o caso do Bufo alvarius, no Colorado e o sapo marinhoBufo marinus, entre outros.
A maioria dos casos de envenenamento estão registados em cães e gatos que atacam os sapos e os mordem. As espécies de sapos mencionadas acima secretam complexos venenosos tóxicos que têm uma ação cardioactiva semelhante à dos digitálicos.
As espécies de sapo Bufo têm glândulas parótidas (glândulas cutâneas ) por trás dos olhos que secretam um complexo veneno com uma ação semelhante à dos glicósidos cardíacos.
Outras espécies de sapos contém substâncias que podem causar problemas a alguns animais.
Os cachorros e os gatinhos são particularmente sensíveis, desde que os glicósidos sejam suficientemente potentes para provocar a morte em 10 a 15 minutos nestes pequenos animais.
A síndrome clínica desenvolve-se em alguns minutos após o contato da criança, a nível da boca e, no caso dos animais quando eles colocam na boca o sapo.
Inicialmente os sinais são:
-forte salivação
-edema pulmonar
-arritmia cardíaca
-hipertensão
-prostração
Rapidamente se desenvolvem convulsões, e a morte pode ocorrer em cerca de 15 minutos após o contato inicial com a substância tóxicas.
O tratamento tem como objetivo principal a remoção da substância ainda não absorvida que ainda se encontre a nível da boca.
Deve lavar-se a boca da vítima com água abundante e deve administrar-se atropina para controlar a salivação.
Devem-se administrar barbitúricos para controlar as convulsões e gluconato de cálcio que é importante para combater alguns dos efeitos fisiológicos.
Podem também administrar-se agentes que bloqueiem os receptores -adrenérgicos e -adrenérgicos.
Cuidados adequados para manter as funções vitais contribuem para uma recuperação rápida e satisfatória.
b) Salamandras
Este grupo de anfíbios com capacidades de produção de tóxicos incluem:

-Taricha torosa( da Califórnia)
-Tariturus sp. (da Europa)
-Bombia variegota
As salamandras produzem a mesma toxina que o peixe-"puffer" produz- a Tetrodotoxina.

O ovo destes animais e a sua pele possuem um potente veneno que é toxico a níveis de 10g/Kg de peso corporal.
A ingestão desta toxina resulta em salivação, fraqueza muscular , incoordenação motora, aparecimento de manchas na pele, vômitos, diarréia e paralisia generalizada com convulsões e morte nos casos mais graves.
O envenenamento com a toxina das salamandras é raro e quando ocorre é observado na maioria dos casos em pequenos e grandes animais domésticos.

c) Rãs venenosas
As rãs venenosas são vulgarmente denominadas anuros, e pertencem ao grupo dos Dendrobatídeos. Vivem no Norte da América do Sul (nomeadamente nas Guianas e Sudeste Brasileiro) e no Sul da América Central.
Existem cerca de 130 espécies repartidas por seis géneros, as mais conhecidas são: Dendrobates e Phyllobates.
Ao gênero Phyllobates pertencem as rãs cujos venenos cutâneos são mais potentes e usados para envenenar as pontas dos dardos usados na caça pelos nativos de algumas daquelas regiões, daí serem conhecidas por "rãs-dos-dardos-venenosos".
Quanto aos venenos que estas rãs produzem são secretados por glândulas microscópicas espalhadas pelo dorso e libertadas em situações de "stress".
Os anfíbios têm em geral dois tipos de glândulas cutâneas:
-mucosas
-granulosas
As mucosas têm geralmente uma distribuição mais âmpla e uniforme providenciando uma camada úmida necessária à respiração cutânea, muito desenvolvida neste grupo de vertebrados, contribuindo para os processos de termorregulação e osmorregulação.
As granulosas são também designadas por serosas ou venenosas e concentram-se em regiões do corpo, nomeadamente no dorso, área mais susceptível ao ataque dos predadores, tendo efetivas funções de defesa contra eles.
Certas espécies como as do gênero Sul Americano, Phyllomedusa, têm também um tipo particular de glândula que secretam lípidos, os quais se espalham pela pele impermeabilizando-a.
Nas últimas décadas, estudos vieram demonstrar que o tegumento dos anfíbios é sede de vastíssima gama de substâncias biològicamente ativas, sendo algumas delas de grande relevância farmacológica e clínica.
Entre estas podemos nomear numerosas aminas dos grupos das indolalquilaminas ( por exemplo: serotonina, bufotonina, etc.), fenilalquilaminas ( por exemplo: candicina, leptodactilina, etc.), imidazolalquilaminas( por exemplo: histamina, spinaceamina etc.)
Contém numerosos péptidos, muitos deles comuns ao tracto gastro-intestinal e cérebro, não só destes animais, mas também dos mamíferos ( incluindo o próprio Homem). Estes péptidos podem agrupar-se em várias famílias: Taquiquinina, Ceruleína, Bombesina, Sauvagina, Dermofina.
Muitas das substâncias que referi têm ação reguladora sobre a pressão sangüínea e das secreções hipofisárias ( regulação hídrica), podendo atuar também como neuromodeladores (caso dos péptidos da família da Taquiquinina, à qual pertence a substância P (importante na modelação da dor).
Numerosas outras substâncias mostraram-se cativas sobre as secreções gástricas, enzimas pancrácios e motilidade intestinal, como é o caso dos péptidos da família da Ceuleína (isolados pela primeira vez na rã Australiana Litoria caerulea), a que também pertencem, as agora bem estudadas, colicistoquininas (CCK) e gastrinas.
Os péptidos da espécie Sauvagina, cujo péptido tipo Foi também descoberto numa rã Sul-Americana Phyllomedusa sauvagei, atuam, por um lado, na diurese, na função hipofisária (regulação da prolactina) e também no sistema cardiovascular.
Por último, os péptidos da família Dermofina, também isolados pela primeira vez em Phyllomedusa, têm atividade opióide, com efeitos analgésicos superiores até que as -endorfinas.
Recentemente foram encontradas na pele de Xenopus sp. (África do Sul) péptidos de uma nova família, Xenoxina, homólogos das neuro e citotoxinas dos venenos das serpentes.
Curioso é o que se verifica quanto à ação de todos estes péptidos nos vertebrados: pele-cérebro-tracto gastro-intestinal.
Dentre os Dendrobatideos, apenas três espécies de Phyllobates possuem Batrotoxinas em grandes quantidades e são utilizadas pelos nativos da vertente ocidental dos Andes para envenenar os dardos e lanças que usam na caça.
A Batratoxina tem grandes potencialidades no tratamento das arritmías cardíacas.
Alcalóides como a Histrionicotoxina e a Pumiliotoxina B suscitam agora grandes esperanças no desenvolvimento de fármacos cardiotónicos e reguladores do sistema neuro-muscular. A Epibatidina revelou ser um analgésico duzentas vezes mais potente do que a morfina.
Um caso curioso da utilização das secreções da pele dos anfíbios Sul-Americanos, neste caso os da fronteira entre o Brasil e o Peru, é na chamada caça "mágica".
Usam as secreções produzidas por um hilídeo, parente das nossas relas, a Phyllomedusa bicolor. Este animal produz muitas substâncias tendo algumas delas ações vasoactivas,outras possuem propriedades opióides e nomeadamente a Adenoregulina intervém na regulação da atividade dos receptores adenosina-1 cerebrais.
Os nativos aplicam as secreções cutâneas destes animais a queimaduras frescas que fazem deliberadamente para o efeito, em vários pontos do corpo (geralmente no peito). Este procedimento após lhes produzir, numa fase inicial, estados alucinatórios violentos, sudação intensa e delírio, acaba por provocar uma profunda sensação de bem-estar e um extraordinário aumento da acuidade sensorial o que aumenta a capacidade de caçar ( segundo o relatado).
Código das cores:
Há que fazer referência que uma característica muito comum nestas rãs venenosas e que é habitualmente associada a este atributo, são as cores vivas e os padrões de coloração muito contrastados e chamativos que evidenciam.
Este tipo de coloração é denominado: Apossemático e serve de advertência da sua perigosidade para os eventuais predadores. Após algumas experiências mal sucedidas, devido ao seu mau sabor e/ou até, aos efeitos tóxicos mais ou menos violentos, provocados pela sua ingestão, aqueles evitariam naturalmente, tornar a atacá-las.
As cores mais utilizadas para efeitos apossemáticos são o amarelo, o vermelho, o alaranjado, o azul, o negro e as suas combinações.
Apesar de todos estes disfarces, algumas espécies de rãs venenosas não deixam de ser predadas por algumas espécies de aranhas gigantes e de cobras que parecem ser imunes aos seus potentes venenos.

MAMÍFEROS VENENOSOS

a) Ornitorrinco:
Conhece-se apenas um, pertencendo à ordem dos Monotrematos, que possa ser considerado como portador de um aparelho venenoso, é o Ornithorhynchus paradoxus ou Ornitorrinco.
Tem a cabeça munida de um bico de pato achatado, com dois dentes cornificados. O seu rabo é largo e plano; os seus pés são curtos e munidos de cinco dedos com unhas reunidas por uma membrana.
Vive exclusivamente na Austrália. Nada habitualmente e alimenta-se de vermes e pequenos peixes.
Os machos possuem nas patas posteriores um esporão com um orifício na sua extremidade. O esporão liberta, quando o animal deseja, um líquido venenoso secretado por uma glândula situada ao longo da coxa e com a qual o esporão comunica por um longo conduto subcutâneo.
O veneno do Ornitorrinco é bastante fraco e no Homem causa dores, mas nunca a morte.
O animal crava os seus esporões por meio de uma forte pancada dada com as patas, para trás, sendo a sua função possivelmente defensiva e não representando uma adaptação predatória, pois, tanto pela posição como pelo tipo de presas de que se alimenta, o Ornitorrinco não é adequado para a caça.
Para um observador pouco versado em zoologia, a presença do esporão e da glândula venenosa pareceria implicar uma semelhança com os répteis; contudo, a semelhança não é mais do que superficial, pois tratam-se de estruturas distintas num e noutro caso.
É interessante referir que o esporão está presente em ambos os sexos quando são jovens, mas, mais tarde, degenera na fêmea.
Alguns autores consideram que o veneno do Ornitorrinco é como que uma secreção de defesa dos machos, sobreativada na época de reprodução; esta é uma hipótese plausível. A glândula sofre variações de volume e forma segundo a época em que a observamos.
A toxicidade, como já referi, é muito fraca, menos cerca de 5000 vezes menor que a do veneno das serpentes australianas.

b) Tachyglossus sp. e Zaglossus
Pertencem à ordem Echidna. A anatomia do seu aparelho de veneno e a ação do veneno são semelhantes às do Ornitorrinco. Picadas produzidas por este animal provocam de imediato dor e edema local. O grau de toxicidade é igual Á do veneno do Ornitorrinco.
c) Solenodontidae e Soricidae
Pertencem à ordem insetívora .
A toxina por eles produzida está presente na saliva das glândulas sub-maxilares e é transmitida à vítima por picadas.
d) Solenodon paradoxus
São apenas encontrados na ilha do Haiti.

Moluscos e crustáceos venenosos

Os moluscos bivalves alimentam-se de plâncton, este possui toxinas que se vão acumulando no bivalve.
A contaminação humana dá-se em sequência do consumo de moluscos e crustáceos contendo PSP.
PSP quer dizer " Paralitic shellfish poison".
A PSP é uma toxina que origina um bloqueio ou obstrução de um impulso nos nervos periféricos e músculo esquelético, podendo haver uma paralisação respiratória que pode conduzir à morte, pelo bloqueio do sódio.
A PSP é um exemplo de uma biotoxina aquática; outros exemplos são as toxinas diarreicas por moluscos e crustáceos (DSP), a ciguatoxina, as neurotóxicas e as toxinas cianófitas.
A PSP é produzida por algumas algas marinhas unicelulares, conhecidas como dinoflagelados, membros do filo Dinophyta.
A contaminação dos mariscos com PSP tem estado tradicionalmente associada com o aparecimento de fluorescência de algas, as chamadas marés vermelhas.
Há 2 fontes para contaminação de marisco com PSP:
-Células de espécies de Gonyaulax, Gymnodinium catetatum e Pyrodinium bahamense var. compressa, muitas vezes associadas a fenômenos de fluorescência( produzem toxinas que quimicamente são derivadas da tetrahidropurinas)
-Quistos em repouso de G. tamarensis entre os sedimentos da água.
Os sinais e sintomas de intoxicações por PSP no Homem podem variar, desde um ligeiro formigueiro e dormência nos lábios até uma completa paralização e morte por falha respiratória.
Para evitar problemas com as toxinas dos mariscos, os países adotaram medidas como a análise de amostras de água do mar, como medida do plano de controlo e vigilância visando a identificação e contagem de Dinoflagelados potencialmente produtores de PSP, tem sugerido como uma primeira medida de advertência.

Em Portugal existe a PSP e a DSP que existem nos dinoflagelados:
Prorocentrum minimum( ambas)
Gymnodium catenatum (ambas)
Alexandrium lusitanicum(PSP)
Dinophysis spp(DSP)
Na costa portuguesa as zonas mais afetadas são: Aveiro, Lagoa de Óbidos, Figueira da Foz, Espinho, Setúbal e Olhão.
A frequência das colheitas varia com a toxicidade potencial das diversas regiões e com a época do ano: São mensais de Dezembro a Março e quinzenais de Março a Dezembro.
Se os resultados forem positivos ou em situação de alerta as colheitas são semanais ou 2 vezes por semana. Com resultados positivos a apanha é encerrada.

Pássaros venenosos

Na Nova-Guiné vive um pássaro de penagem preta e amarela, denominado cientificamente por Pitohui dichrous. São aves migratórias que vivem em bandos. Pela pele secretam um químico irritante que vai revestir as penas. Quando do ataque por uma cobra, o predador passa a vítima. A substância secretada pela pele possui uma neurotoxina denominada homobatracotoxina. Esta toxina funciona como defesa química contra os seus inimigos.


OBJETIVO

Tentar descobrir o maior número espécies venenosas do reino animal.


DISCUSSÃO

Este trabalho Foi fácil, porque é um assunto muito interessante e que eu gosto muito de estudar.

CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho fiz alusão a inúmeros animais produtores de substâncias tóxicas e que embora sejam bastante perigosos em determinadas situações, podem ser muito úteis noutras.
O nosso planeta, tal como o conhecemos é um autêntico mistério e há que haver curiosidade para que a pesquisa prossiga e nos leve mais alto no nosso conhecimento.
Os animais são muitas vezes produtores de venenos para se defenderem, mas podemos de certo modo tentar tirar partido desses venenos.
Em Portugal não há muitos animais venenosos, pelo menos com um veneno tão forte que leve à morte quer do Homem,quer dos nossos animais.
No entanto nos países de língua oficial Portuguesa há muitos animais venenosos produtores de venenos potencialmente letais para o Homem e para os Animais.
Em termos de interesse epidemiológico, o número de acidentes por picadas de animais venenosos não é muito elevado no nosso país, mas se falarmos do Brasil ou de um qualquer país da África de língua oficial Portuguesa, ou outro, aí o interesse é bastante acrescido.
Em termos de saúde pública, é importante que um Médico Veterinário esteja habilitado a debelar uma qualquer situação de envenenamento, estando ele no seu próprio país ou em qualquer outra parte do mundo.

REFÊRENCIA

Internet.

AUTOR

Geraldo Gutyerri.